Obesidade infantil pode deixar marcas nos genes e afetar os filhos no futuro
Entenda como a obesidade infantil deixa marcas no corpo e nos genes. Conhecimento é o primeiro passo para prevenir.

Um impacto que pode chegar até o DNA
Você sabia que a obesidade infantil pode ir além do que vemos no espelho?
Ela também pode deixar “marcas” invisíveis nos genes da criança.
Essas marcas podem durar por muitos anos — e até afetar os filhos e netos no futuro.
Isso acontece por causa de algo chamado epigenética. Não é uma mudança no DNA, mas em como os genes “funcionam”. É como se fosse um botão liga-desliga que responde ao ambiente, à alimentação e até ao estresse.
Como isso funciona?
Durante a infância, principalmente nos primeiros anos de vida, o corpo está em fase de construção. Tudo o que a criança vive — o que come, se se movimenta ou não, o quanto dorme — pode influenciar esses “botões” dos genes.
👉 É o que os cientistas chamam de programação metabólica.
Se a criança ganha muito peso nesse período, pode haver:
- Mudanças em genes que controlam a fome
- Mudanças em genes que controlam o uso da gordura
- Maior chance de desenvolver obesidade e doenças quando crescer
Essas mudanças podem durar anos, mesmo que a criança depois perca peso. Por isso, prevenir é sempre melhor que remediar!
Isso pode passar de pais para filhos?
Sim! Estudos mostram que essas “marcas” nos genes podem ser passadas de geração em geração.
Se o pai ou a mãe tiveram obesidade, os filhos podem já nascer com maior risco de:
- Ganhar peso com mais facilidade
- Ter mais dificuldade para emagrecer
- Ter alterações no metabolismo e na saúde
Isso pode acontecer tanto pela genética quanto pelo ambiente dentro da barriga da mãe (como quando há muita inflamação ou excesso de açúcar no sangue).
👉 Ou seja: prevenir a obesidade hoje é cuidar da saúde do amanhã — e das próximas gerações também!
Existe alguma forma de reverter isso?
A boa notícia é que algumas dessas mudanças podem ser revertidas!
Cuidar da alimentação e da rotina da criança ainda pode ajudar o corpo a “voltar ao equilíbrio”.
Veja algumas atitudes que fazem diferença:
✅ Dieta rica em alimentos naturais (frutas, verduras, grãos, água)
✅ Evitar alimentos ultraprocessados e ricos em açúcar
✅ Praticar atividade física com frequência
✅ Dormir bem e ter horários organizados
✅ Fazer o pré-natal com atenção à saúde da gestante
Alguns nutrientes como ácido fólico, colina, vitamina B12 e ômega-3 também ajudam a “proteger os genes” da criança.
🧬 O que aprendemos hoje?

- A obesidade infantil pode deixar marcas nos genes que afetam o metabolismo e a saúde por muitos anos.
- Essas alterações podem ser passadas de geração em geração, aumentando o risco de obesidade nos filhos.
- Com hábitos saudáveis desde cedo, é possível reduzir esses impactos e proteger o futuro da criança — e até o de sua família.
Aqui no Clube da Saúde Infantil, acreditamos: crescer com saúde é mais legal!
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