Desnutrição infantil: por que o atendimento nem sempre chega a tempo?
Veja os principais desafios da equipe do SUS no diagnóstico, tratamento e prevenção da desnutrição infantil.

O SUS é essencial, mas enfrenta dificuldades
O Sistema Único de Saúde (SUS) é muito importante para cuidar das crianças com desnutrição. Mas ainda enfrenta muitos desafios, principalmente em lugares mais pobres ou de difícil acesso. Vamos entender melhor o que atrapalha esse cuidado?
A primeira porta de entrada: a atenção básica
A atenção básica é o primeiro lugar onde a desnutrição infantil deveria ser identificada. Mas isso nem sempre acontece.
- Apenas 34% das unidades de saúde usam protocolos atualizados sobre desnutrição.
- Menos da metade faz busca ativa para encontrar crianças em risco na comunidade.
“Muitas crianças só chegam ao posto quando o quadro já é grave. Isso poderia ser evitado com diagnóstico precoce.”

Monitoramento que não chega para todos
O SISVAN é o sistema que ajuda a monitorar o estado nutricional da população. Mas ele ainda não consegue acompanhar todas as crianças:
- Em 2021, a cobertura do SISVAN para crianças menores de 5 anos foi de apenas 33,7%.
- Em regiões como o Norte e Nordeste, esse número é ainda menor, abaixo de 20%.
Além disso, muitos municípios (42%) não têm um fluxo claro para encaminhar as crianças desnutridas ao tratamento. Isso significa que o diagnóstico nem sempre vira ação.
Falta de preparo dos profissionais
Muitos profissionais de saúde não se sentem preparados para lidar com a desnutrição infantil:
- 65% dos médicos e enfermeiros da atenção básica não receberam capacitação sobre o tema nos últimos 5 anos.
- As faculdades de medicina e enfermagem dedicam, em média, menos de 20 horas ao tema da desnutrição.
“O foco ainda é muito biológico. É preciso falar também sobre pobreza, alimentação e vida em comunidade.”
Faltam suplementos e fórmulas
Sem os insumos certos, é difícil tratar bem as crianças. Veja os dados:
- Apenas 56% dos municípios têm estoque suficiente de suplementos como ferro e vitamina A.
- Fórmulas especiais para casos graves só existem em 23% dos municípios.
Quando o cuidado demora a chegar
Nas regiões mais afastadas, como a Amazônia e o semiárido nordestino, o tratamento demora mais para começar. Às vezes, leva até 45 dias entre o diagnóstico e o início do cuidado.
Outros desafios nessas áreas:
- O transporte de insumos é caro e difícil.
- Em comunidades indígenas, 67% das unidades de saúde ficaram mais de 3 meses sem suplementos.
- Os médicos mudam muito nessas regiões: a troca de profissionais é 3 vezes maior do que nas cidades grandes.
Estratégia Saúde da Família: potencial e limites
A Estratégia Saúde da Família (ESF) pode ser uma grande aliada. Ela cobre cerca de 75% do país, mas ainda tem menos presença justamente onde há mais pobreza.
Os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) são fundamentais. Eles conhecem bem as famílias da região. Mas:
- 72% dos ACS não se sentem preparados para identificar desnutrição.
- Apenas 38% receberam treinamento específico.
“Os agentes são os olhos do SUS nas comunidades. Eles precisam de mais apoio para fazer seu trabalho com segurança.”
Quando dá certo, o resultado aparece
Em alguns municípios, a integração entre ESF e vigilância nutricional funcionou bem:
- Com rotinas organizadas e equipes treinadas, os casos graves caíram até 25% em 2 anos.
Quando a equipe do posto de saúde trabalha junto com programas sociais (como CRAS e merenda escolar), a recuperação das crianças melhora em até 40%.
O cuidado precisa de atenção em todos os níveis
Para combater a desnutrição infantil, o SUS precisa funcionar bem desde o primeiro contato com a criança até o fim do tratamento. Isso envolve:
- Profissionais treinados
- Protocolos atualizados
- Boa estrutura e remédios disponíveis
- Integração com outros programas sociais
Aqui no Clube da Saúde Infantil, acreditamos que crescer com saúde é mais legal – e que cuidar bem das crianças é o melhor investimento para o futuro.
🧬 O que aprendemos hoje?

- O SUS é essencial no combate à desnutrição infantil, mas ainda enfrenta desafios como falta de capacitação, insumos e integração entre serviços.
- A atenção básica, que deveria ser a porta de entrada, muitas vezes falha na identificação precoce e no encaminhamento das crianças.
- Quando há equipes bem treinadas, protocolos claros e articulação com outros programas sociais, os resultados aparecem — e salvam vidas.
Aqui no Clube da Saúde Infantil, acreditamos: crescer com saúde é mais legal!