O papel da escola no combate à desnutrição infantil
A escola pode ajudar a combater a desnutrição infantil com refeições, apoio pedagógico e atenção a sinais no corpo e comportamento.

O papel da escola no combate à desnutrição infantil
As crianças passam boa parte do dia na escola. Por isso, esse espaço pode ser essencial para identificar sinais de desnutrição e ajudar no cuidado com a saúde. Quando educadores estão bem preparados, é possível perceber mudanças no comportamento, no corpo e no aprendizado que podem indicar problemas nutricionais.
👉 A escola é um dos melhores lugares para perceber quando uma criança está com alguma dificuldade alimentar, mesmo que ela ainda não tenha ido ao médico.
Como a escola pode identificar sinais de desnutrição
A escola pode usar ferramentas simples para identificar sinais de desnutrição, como:
- Questionários sobre o que a criança costuma comer;
- Observação de sinais físicos e comportamentais;
- Atenção a sintomas como cansaço frequente, dificuldade de concentração, pele seca e irritabilidade.
Com capacitação, os professores conseguem reconhecer esses sinais e encaminhar os alunos para atendimento adequado.
Um estudo no Brasil mostrou que, com o treinamento certo, professores conseguiram ajudar a identificar quase 3 em cada 4 crianças com desnutrição.
Alimentação escolar: mais do que uma refeição
O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) oferece refeições para mais de 40 milhões de estudantes todos os dias. Quando bem aplicado, ele ajuda:
- A criança a se concentrar melhor;
- A diminuir as faltas e a evasão escolar;
- A prevenir deficiências de vitaminas e minerais;
- A melhorar o desempenho em provas e atividades.
Além disso, pesar e medir os alunos de tempos em tempos é uma forma de acompanhar a saúde de cada um.
Com esse tipo de acompanhamento, a escola pode perceber até 40% mais casos de desnutrição do que sem monitoramento.
Trabalho em conjunto: escola e saúde lado a lado

Quando escolas e unidades de saúde trabalham juntas, os resultados são ainda melhores. O Programa Saúde na Escola (PSE) é um bom exemplo: com ações simples e equipes de saúde atuando junto aos educadores, os municípios conseguiram reduzir os casos de desnutrição.
Se a criança for identificada com algum problema nutricional, ela é encaminhada para atendimento e, depois, volta à escola com orientações. Assim, todos acompanham seu desenvolvimento.
👉 Quando saúde e educação trabalham juntas, a criança é acompanhada em todos os espaços que frequenta.
Adaptações no ensino para ajudar quem teve desnutrição
Mesmo com tratamento nutricional, algumas crianças ainda podem ter dificuldades de aprendizado. A escola pode ajudar muito nesse momento com estratégias adaptadas, como:
- Aulas mais curtas, com intervalos;
- Atividades que ajudam a melhorar a atenção e a memória;
- Materiais com mais estímulos visuais e sensoriais;
- Reforço escolar focado em leitura, escrita e matemática.
Essas adaptações não são “mais fáceis”, mas sim formas diferentes de ensinar os mesmos conteúdos, respeitando o ritmo de cada aluno.
👉 Um estudo mostrou que crianças com desnutrição que receberam apoio pedagógico adaptado foram 40% melhor em provas do que as que não receberam.
🧬 O que aprendemos hoje?

- A escola é um espaço estratégico para identificar sinais precoces de desnutrição e encaminhar os alunos para o cuidado adequado.
- A alimentação escolar melhora o desempenho, previne deficiências nutricionais e ajuda a manter a criança na escola.
- Quando educação e saúde trabalham juntas, é possível adaptar o ensino e garantir melhores resultados para crianças em recuperação nutricional.
Aqui no Clube da Saúde Infantil, acreditamos: crescer com saúde é mais legal!
📚 Referências Bibliográficas
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- Monteiro CA et al. Causas do declínio da desnutrição infantil no Brasil. Rev Saude Publica. 2019;43(1):35-43.
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- PNUD. Relatório de desenvolvimento humano brasileiro: educação e nutrição. 2019.
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