Diabetes tipo 1 ou tipo 2: como saber qual é o caso da criança?

Entenda as principais diferenças entre o diabetes tipo 1 e tipo 2 em crianças: causas, sintomas, riscos e tratamento.

Por que é importante saber a diferença?

Crianças podem ter dois tipos diferentes de diabetes: tipo 1 e tipo 2. Eles parecem semelhantes, mas são causados por coisas diferentes e precisam de cuidados diferentes. Saber qual é o tipo certo ajuda a escolher o melhor tratamento e evitar complicações.

 O que causa cada tipo?

  • Diabetes tipo 1: o corpo da criança para de produzir insulina porque o sistema de defesa (imunológico) ataca o pâncreas por engano.
  • Diabetes tipo 2: o corpo ainda produz insulina, mas não consegue usá-la direito, e o pâncreas vai se cansando aos poucos.

Como os sintomas aparecem?

  • Tipo 1: os sintomas aparecem de forma rápida, em semanas, e incluem:
    • Fazer muito xixi (poliúria)
    • Beber muita água (polidipsia)
    • Sentir muita fome (polifagia)
    • Perder peso mesmo comendo bem
    • Muito cansaço

Muitas crianças chegam ao hospital já com cetoacidose diabética, que é grave.

  • Tipo 2: os sintomas são mais leves e lentos, ou nem aparecem. Quando aparecem, incluem:
    • Xixi frequente
    • Cansaço
    • Infecções (como candidíase)
    • Feridas que demoram a cicatrizar

Sinais físicos que ajudam a identificar

  • Crianças com tipo 2 costumam estar acima do peso, ter manchas escuras na pele (pescoço, axilas) e outros sinais do que chamamos de síndrome metabólica.
  • Já as com tipo 1 geralmente têm peso normal ou baixo no diagnóstico. Mas vale lembrar que uma criança com sobrepeso também pode ter tipo 1.

Quem tem mais chance de ter cada tipo?

  • Tipo 1:
    • Ter alguém na família com a doença
    • Ser de origem europeia
    • Gêmeos idênticos têm até 50% de chance de ambos terem
  • Tipo 2:
    • Obesidade
    • Falta de atividade física
    • Ter histórico familiar de diabetes
    • Ser adolescente (por causa da puberdade)
    • Ser do sexo feminino
    • Ser indígena ou afrodescendente

No Brasil, o tipo 1 ainda é o mais comum em crianças, mas o número de casos do tipo 2 está crescendo rápido, especialmente nas cidades grandes.

 Como é feito o diagnóstico?

Os exames de sangue usados são os mesmos para os dois tipos:

  • Glicemia de jejum ≥ 126 mg/dL
  • Glicemia após ingestão de açúcar ≥ 200 mg/dL
  • Hemoglobina glicada (HbA1c) ≥ 6,5%

Mas para saber qual é o tipo, os médicos pedem exames extras:

  • Autoanticorpos (tipo 1)
  • Peptídeo C (baixo no tipo 1, normal ou alto no tipo 2)
  • Sinais de resistência à insulina (tipo 2)

Como é o tratamento de cada tipo?

  • Tipo 1: precisa de insulina todos os dias. Pode usar caneta, seringa ou bomba de insulina, além de cuidar da alimentação e fazer atividades físicas.
  • Tipo 2: começa com mudanças no estilo de vida. Se necessário, usa-se remédios por boca, como a metformina, e às vezes também insulina.

🧬 O que aprendemos hoje?

  • O diabetes tipo 1 e tipo 2 têm causas e tratamentos diferentes — por isso é essencial identificar corretamente.
  • O tipo 1 aparece rápido e exige uso diário de insulina; o tipo 2 se desenvolve aos poucos e pode ser controlado com mudanças no estilo de vida.
  • Reconhecer os sinais e fazer o diagnóstico certo ajuda a evitar complicações e melhora a qualidade de vida da criança.

Aqui no Clube da Saúde Infantil, acreditamos: crescer com saúde é mais legal!

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