Tecnologia no controle da asma infantil: avanços e desafios

Descubra como a tecnologia está revolucionando o controle da asma infantil com aplicativos, dispositivos conectados e telemedicina.

A tecnologia tem transformado o controle da asma infantil, oferecendo novas formas de monitoramento, melhorando a adesão ao tratamento e permitindo intervenções mais rápidas. Hoje, as famílias podem acompanhar a saúde das crianças em casa, usando aplicativos, dispositivos conectados e plataformas de telemedicina.

Aplicativos Móveis e Dispositivos Conectados

Aplicativos para smartphones estão ajudando crianças com asma a controlar os sintomas. Alguns aplicativos funcionam como diários de sintomas, enviam lembretes de medicação e registram fatores que podem desencadear crises. Estudos mostram que esses aplicativos podem reduzir em até 60% as visitas ao pronto-socorro e em 50% o uso de medicamentos de emergência (1).

👉 Os aplicativos transformam dados subjetivos em informações objetivas e contínuas, facilitando o ajuste do tratamento.

Os inaladores inteligentes são outra inovação. Eles registram o uso do medicamento e enviam esses dados para um aplicativo. Isso ajuda os médicos a monitorar o uso correto dos inaladores, que muitas vezes é feito de forma errada. Em um estudo com 252 crianças, o uso de inaladores inteligentes aumentou a adesão ao tratamento de 43% para 82% (2).

Monitoramento Domiciliar da Função Pulmonar

Antes, os espirômetros eram usados apenas em consultórios. Hoje, existem versões portáteis que podem ser usadas em casa. Esses dispositivos medem a capacidade respiratória e enviam os dados automaticamente para um aplicativo.

👉 A espirometria domiciliar permite que as famílias acompanhem a saúde respiratória da criança e identifiquem sinais de crise antes mesmo dos sintomas aparecerem.

Esses dispositivos podem detectar piora na função pulmonar até 72 horas antes de uma crise. Estudos mostram que as famílias que usam espirômetros regularmente conseguem controlar melhor a asma e evitar emergências (3).

Telemedicina e Integração de Dados

A telemedicina facilita o acesso ao atendimento especializado sem a necessidade de deslocamento. Durante a pandemia, consultas remotas mostraram ser tão eficazes quanto as presenciais para o controle da asma infantil.

Modelos de atendimento híbrido, que combinam consultas presenciais e remotas, reduziram as internações por asma em 63% em um programa realizado em cinco centros brasileiros (4).

👉 A telemedicina democratiza o acesso ao tratamento especializado, especialmente em áreas distantes dos grandes centros urbanos.

4. Desafios e Perspectivas Futuras

Apesar dos avanços, o acesso às novas tecnologias ainda é limitado para muitas famílias. Programas como o “Respira Digital” buscam reduzir essas desigualdades, oferecendo dispositivos conectados e aplicativos gratuitos para crianças atendidas pelo SUS (5).

Outro desafio é garantir a segurança dos dados coletados. No Brasil, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) estabelece regras para o uso dessas informações, mas a implementação ainda enfrenta dificuldades.

No futuro, espera-se o desenvolvimento de sensores ambientais para monitorar alérgenos no ambiente e dispositivos que ajustam a temperatura e a umidade do ar automaticamente, criando um ambiente mais seguro para crianças asmáticas.

🧬 O que aprendemos hoje?

  • Aplicativos e inaladores inteligentes ajudam no controle da asma infantil, melhoram a adesão ao tratamento e reduzem emergências.
  • Tecnologias como espirometria domiciliar e telemedicina permitem um cuidado mais contínuo, eficiente e acessível.
  • Apesar dos avanços, ainda há desafios de acesso e privacidade — mas programas públicos e inovações futuras prometem ampliar o cuidado para todas as crianças.

Aqui no Clube da Saúde Infantil, acreditamos: crescer com saúde é mais legal!


📚 Referências Bibliográficas

  1. Morton RW, Elphick HE, Rigby AS, et al. STAAR: a randomised controlled trial of electronic adherence monitoring with reminder alarms and feedback to improve clinical outcomes for children with asthma. Thorax. 2017;72(4):347-354.
  2. Kosse RC, Bouvy ML, de Vries TW, et al. Effect of a mHealth intervention on adherence in adolescents with asthma: A randomized controlled trial. Respir Med. 2019;149:45-51.
  3. Kupczyk M, Hofman A, Kołtowski Ł, et al. Home self-monitoring in patients with asthma using a mobile spirometry system. J Asthma. 2021;58(4):505-511.
  4. Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. Impacto de um programa de telemonitoramento em asma pediátrica no Brasil. J Bras Pneumol. 2021;47(3):e20200482.
  5. Ministério da Saúde (BR). Programa Respira Digital: resultados preliminares do uso de tecnologias digitais no manejo da asma infantil no SUS. Brasília: Ministério da Saúde; 2022.