A realidade da asma infantil no Brasil: Números que preocupam

1 em cada 4 crianças brasileiras tem asma. Os números revelam um cenário de desigualdade no tratamento e a urgência por mudanças.

Panorama Epidemiológico da Asma Infantil

A asma infantil é uma das doenças respiratórias crônicas mais comuns em crianças no mundo todo. Estudos mostram que a prevalência global da asma em crianças varia de 2% a 32%, dependendo da região (1).

No Brasil, a asma infantil afeta cerca de 24,3% das crianças de 6 a 7 anos e 19% dos adolescentes de 13 a 14 anos, colocando o país entre os dez com maior prevalência mundial (2)

Em algumas regiões, os casos de asma grave aumentaram em 20% na última década, o que indica um crescimento não apenas no número de casos, mas também na gravidade da doença (3).

👉 O aumento dos casos de asma em crianças brasileiras reflete não apenas a poluição e as mudanças climáticas, mas também as desigualdades socioeconômicas que limitam o acesso ao tratamento adequado.

Hospitalizações e Atendimentos de Emergência

A asma é uma das principais causas de internação pediátrica no Brasil. Todos os anos, cerca de 120.000 crianças menores de 14 anos são internadas por asma, representando 4,5% de todas as internações infantis (4).

Os atendimentos de emergência também são frequentes, somando mais de 2,6 milhões de visitas anuais relacionadas à asma infantil. As crises são mais comuns no outono e inverno nas regiões Sul e Sudeste, e durante a estação chuvosa no Nordeste (5).

👉 As hospitalizações por asma funcionam como um termômetro das desigualdades regionais, mostrando que crianças de áreas urbanas e periféricas são as mais afetadas.

Impacto Econômico e Desigualdades Regionais

A asma infantil custa ao Sistema Único de Saúde (SUS) cerca de R$ 1,9 bilhão por ano, além de gerar custos indiretos, como faltas escolares e perda de produtividade dos pais, que somam mais R$ 2,4 bilhões (6).

Estudos mostram que as regiões Sul e Nordeste têm as maiores taxas de asma infantil, com prevalência de 25,2% e 23,5%, respectivamente (7). Esses números refletem tanto o clima quanto as condições socioeconômicas. Áreas com maior poluição e variações climáticas tendem a registrar mais casos de asma.

Desigualdades Socioeconômicas

Crianças de famílias de baixa renda têm quase três vezes mais chances de serem internadas por asma do que crianças de famílias mais favorecidas. Isso se deve à maior exposição a poluentes, falta de acesso a medicamentos e ausência de acompanhamento médico adequado (8).

👉 A asma infantil no Brasil é um reflexo das desigualdades sociais: as crianças mais pobres são as que mais sofrem com crises e têm menos acesso ao tratamento adequado.

🧬 O que aprendemos hoje?

  • A asma infantil afeta cerca de 1 em cada 4 crianças brasileiras, com alta prevalência especialmente nas regiões Sul e Nordeste, refletindo tanto o clima quanto desigualdades sociais.
  • A doença representa uma das principais causas de internação pediátrica e gera alto impacto econômico, com custos diretos e indiretos que ultrapassam R$ 4 bilhões ao ano.
  • Crianças de baixa renda são as mais vulneráveis, com maior risco de hospitalização e menor acesso a tratamento adequado — o que torna urgente o enfrentamento das desigualdades no cuidado com a asma infantil.

Aqui no Clube da Saúde Infantil, acreditamos: crescer com saúde é mais legal!

📚 Referências Bibliográficas

  1. Asher MI, Montefort S, Björkstén B, et al. Worldwide time trends in the prevalence of symptoms of asthma, allergic rhinoconjunctivitis, and eczema in childhood: ISAAC Phases One and Three repeat multicountry cross-sectional surveys. Lancet. 2006;368(9537):733-743.
  2. Solé D, Aranda CS, Wandalsen GF. Asthma: epidemiology of disease control in Latin America – short review. Asthma Res Pract. 2017;3:4.
  3. Barreto ML, Ribeiro-Silva RC, Malta DC, et al. Prevalence of asthma symptoms among adolescents in Brazil: National Adolescent School-based Health Survey (PeNSE 2012). Rev Bras Epidemiol. 2014;17:106-115.
  4. Ministério da Saúde (Brasil). DATASUS. Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS). 2022.
  5. Souza-Machado C, Souza-Machado A, Cruz AA. Asthma mortality inequalities in Brazil: tolerating the unbearable. ScientificWorldJournal. 2012;2012:625829.
  6. Costa E, Caetano R, Werneck GL, et al. Estimated cost of asthma in outpatient treatment: a real-world study. Rev Saude Publica. 2018;52:27.
  7. Solé D, Rosário Filho NA, Sarinho ES, et al. Prevalence of asthma and allergic diseases in adolescents: nine-year follow-up study (2003-2012). J Pediatr (Rio J). 2015;91(1):30-35.
  8. Antunes FP, Costa Mda C, Paim JS, et al. Social inequalities in spatial distribution of hospital admissions due to respiratory diseases. Cad Saude Publica. 2013;29(7):1346-1356.