Mudanças Climáticas e Asma Infantil: Por que o pólen está mais potente
O pólen está mais forte e presente por mais tempo por causa das mudanças climáticas. Entenda como isso agrava a asma infantil.

As mudanças climáticas estão alterando os padrões de plantas alergênicas, aumentando a exposição de crianças asmáticas a novos alérgenos e prolongando as temporadas polínicas (1).
👉 Com o aumento da temperatura e da concentração de CO₂, plantas alergênicas estão crescendo mais rápido, produzindo mais pólen e intensificando os sintomas de asma em crianças.
1. Mudanças na Distribuição Geográfica de Alérgenos
Plantas alergênicas como a Ambrosia artemisiifolia (ambrósia) estão se espalhando para novas áreas, expondo crianças a alérgenos que antes não eram comuns em determinadas regiões (2). No Brasil, gramíneas alergênicas estão avançando para áreas de altitude mais elevada, onde antes não sobreviviam devido ao frio (3).
O início da estação polínica também está ocorrendo mais cedo e durando mais tempo. Em algumas regiões, a temporada de pólen se prolongou em até 25 dias nos últimos 30 anos, aumentando a exposição e a duração dos sintomas (4).
2. Pólen Mais Potente em um Mundo Mais Quente
Além de aumentar a quantidade de pólen, o aumento do CO₂ também torna o pólen mais potente. Estudos mostram que plantas expostas a altos níveis de CO₂ produzem até 61% mais pólen e com 70% mais proteínas alergênicas (5).
👉 As crianças asmáticas agora estão expostas a pólens que não apenas são mais abundantes, mas também mais potentes, exacerbando as crises de asma.
3. Fungos e Outros Aeroalérgenos
Com o aumento da temperatura e da umidade, os fungos produtores de esporos também estão proliferando. Esporos de Alternaria, Cladosporium e Aspergillus estão sendo detectados em concentrações maiores e por períodos mais longos do ano (6).
Além disso, ácaros da poeira doméstica estão proliferando mais rapidamente em ambientes mais quentes e úmidos, aumentando a exposição infantil a alérgenos internos (7).
4. Impacto na Sensibilização Alérgica Infantil
O aumento na quantidade e potência dos alérgenos está resultando em um número maior de crianças sensibilizadas a múltiplos alérgenos. Crianças que antes apresentavam alergia apenas a ácaros, por exemplo, agora podem estar desenvolvendo alergia a pólens em regiões onde esses alérgenos não eram comuns (8).
👉 A sensibilização precoce a múltiplos alérgenos está se tornando um novo padrão, aumentando o risco de asma grave e de difícil controle em crianças.
🧬 O que aprendemos hoje?
- As mudanças climáticas estão ampliando a presença de alérgenos, com plantas como a ambrósia e gramíneas alcançando novas regiões e prolongando a temporada de pólen.
- O pólen produzido em ambientes com mais CO₂ é mais abundante e contém mais proteínas alergênicas, intensificando os sintomas da asma infantil.
- O aumento da exposição a alérgenos ambientais e domésticos está levando a um crescimento na sensibilização precoce a múltiplos alérgenos, elevando o risco de formas mais graves e complexas de asma em crianças.
Aqui no Clube da Saúde Infantil, acreditamos: crescer com saúde é mais legal!
📚 Referências Bibliográficas
- Lake IR, Jones NR, Agnew M, et al. Climate change and future pollen allergy in Europe. Environ Health Perspect. 2017;125(3):385-391.
- Mendonça FA, Danni-Oliveira IM. Climatologia: noções básicas e climas do Brasil. São Paulo: Oficina de Textos; 2017.
- Ziska LH, Makra L, Harry SK, et al. Temperature-related changes in airborne allergenic pollen abundance and seasonality across the northern hemisphere: a retrospective data analysis. Lancet Planet Health. 2019;3(3):e124-e131.
- D’Amato G, Chong-Neto HJ, Monge Ortega OP, et al. The effects of climate change on respiratory allergy and asthma induced by pollen and mold allergens. Allergy. 2020;75(9):2219-2228.
- Ziska LH, Beggs PJ. Anthropogenic climate change and allergen exposure: the role of plant biology. J Allergy Clin Immunol. 2012;129(1):27-32.
- Damialis A, Halley JM, Gioulekas D, et al. Long-term trends in atmospheric pollen levels in the city of Thessaloniki, Greece. Atmos Environ. 2007;41(33):7011-7021.
- Acosta LMR, Giannichi B, Souza CP, et al. Influence of climate variables on house dust mite population in Curitiba, Brazil. Int J Biometeorol. 2019;63(5):651-663.
- Solé D, Rosário Filho NA, Sarinho ES, et al. Prevalence of asthma and allergic diseases in adolescents: nine-year follow-up study (2003-2012). J Pediatr (Rio J). 2015;91(1):30-35.