Quando a tosse não é só gripe: atenção à asma infantil

Entenda como a asma e a gripe afetam as crianças, os sinais de alerta, como cuidar corretamente e como prevenir complicações.

Em crianças, gripe e asma exigem atenção especial. Os sintomas podem ser diferentes dos que vemos em adultos, o que dificulta o diagnóstico e o tratamento. Por isso, é essencial entender como essas doenças se manifestam nos pequenos e quais cuidados ajudam a proteger a saúde desde cedo.

Sinais diferentes dos adultos

A asma e a gripe aparecem de maneira diferente nas crianças. Muitas vezes, o que é claro em um adulto pode ser confuso nos pequenos. Por exemplo:

  • Crianças com asma nem sempre têm chiado no peito. Às vezes, mostram apenas tosse, cansaço para comer ou ficam muito irritadas.
  • Crianças com gripe podem ter febre alta de repente, vômitos, diarreia e ficarem bem quietinhas – o que nem sempre acontece com adultos.

👉 Cerca de 3 em cada 10 crianças com asma apresentam os primeiros sintomas antes dos 5 anos.

Como os testes de respiração são difíceis para crianças muito pequenas, o médico precisa observar o histórico e a resposta ao tratamento. Isso torna o diagnóstico mais complicado, especialmente porque gripe e asma podem ter sintomas parecidos. Nos meses mais frios, muitos atendimentos nas emergências infantis envolvem essa confusão.

Tratamento especial para os pequenos

O tratamento da asma e da gripe nas crianças precisa ser adaptado à idade, ao peso e ao quanto elas conseguem colaborar. No caso da asma, os médicos recomendam começar com doses menores e ir aumentando conforme necessário.

Cada idade pede um tipo de dispositivo para inalar o remédio:

  • Bebês até 4 anos: precisam usar máscara com espaçador ou nebulizador.
  • Crianças de 4 a 6 anos: usam espaçador, com ou sem máscara.
  • A partir dos 6 anos: podem usar inaladores de pó, se conseguirem inspirar com força.

👉 Usar o aparelho errado ou de forma incorreta pode fazer o tratamento funcionar até 50% menos.

Se a criança tiver gripe, o médico pode indicar um antiviral (como o oseltamivir) nas primeiras 48 horas, especialmente se ela tiver asma. Isso ajuda a diminuir os sintomas e evita complicações.

É importante lembrar que xaropes para tosse, descongestionantes e remédios para “soltar o catarro” não são indicados para crianças com asma ou gripe. Eles podem até piorar os sintomas.

Prevenir é sempre o melhor caminho

Quando a asma não é bem controlada, ela pode prejudicar o desenvolvimento do pulmão da criança. Com o tempo, isso pode trazer mais cansaço, falta de ar e até limitação para fazer atividades simples.

A gripe também pode causar crises graves em crianças asmáticas. Esses episódios aumentam o risco de internação e aceleram a perda da função pulmonar.

👉 Crianças com asma têm de 3 a 5 vezes mais chance de serem internadas se pegarem gripe.

A vacinação anual contra a gripe é uma das formas mais eficazes de proteger as crianças. No Brasil, o SUS oferece a vacina para todas as crianças de 6 meses até 5 anos e para qualquer criança com asma, mesmo depois dessa idade.

Entre os benefícios da vacina em crianças com asma:

  • Menos crises durante o inverno
  • Menos visitas ao pronto-socorro
  • Menos uso de remédios fortes como corticoides orais

Além da vacina, outras formas de prevenção incluem:

  • Controlar o ambiente (evitar poeira, mofo, fumaça de cigarro)
  • Usar os remédios de controle direitinho
  • Ensinar os pais e cuidadores a reconhecer os sintomas e seguir o plano de ação

👉 Prevenir uma crise é sempre melhor do que tratá-la depois.

🧬 O que aprendemos hoje?

  • Crianças com asma ou gripe podem apresentar sintomas diferentes dos adultos, como tosse persistente, irritabilidade ou febre alta repentina.
  • O tratamento infantil exige adaptação: aparelhos corretos para inalação, doses ajustadas e cuidado com o uso de medicamentos não recomendados.
  • Prevenir crises com vacina da gripe, controle ambiental e uso regular dos remédios de controle é essencial para proteger a saúde pulmonar das crianças.

Aqui no Clube da Saúde Infantil, acreditamos: crescer com saúde é mais legal!

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