Asma e gripe: os riscos de tomar remédio por conta própria
Entenda por que a automedicação pode ser perigosa em casos de asma e gripe. Saiba o que evitar e quando procurar ajuda médica.

Tomar remédio por conta própria pode parecer prático, mas é um risco — especialmente quando se trata de doenças respiratórias como gripe e asma. O uso errado de medicamentos pode piorar os sintomas, atrasar o diagnóstico e até causar complicações graves. Veja por que a automedicação deve ser evitada e o que fazer no lugar.
Por que tomar remédio por conta própria é arriscado?
No Brasil, é comum as pessoas tomarem remédios sem receita médica. Mas isso pode ser muito perigoso, especialmente em casos de asma e gripe. Um dos principais riscos é confundir os sintomas e tratar a doença errada.
Por exemplo, uma pessoa com asma pode achar que está apenas com tosse da gripe e usar remédios que pioram a situação. E quem está com gripe pode tomar medicamentos que escondem os sintomas de uma pneumonia.
👉 Tomar remédio sem orientação pode parecer um alívio rápido, mas esconde perigos sérios.
Alguns remédios comuns, como anti-inflamatórios, podem causar crises em quem tem asma. Aproximadamente 1 em cada 5 asmáticos piora após usar esse tipo de medicamento.
Antibióticos e sprays: o uso errado pode agravar tudo
Muita gente ainda acha que gripe se trata com antibiótico, mas isso está errado. Antibióticos só funcionam contra bactérias, e a gripe é causada por vírus. Tomar antibiótico sem necessidade não ajuda em nada e ainda cria um problema maior: as bactérias vão ficando resistentes.
Outro erro comum é usar sprays de alívio rápido, como o salbutamol, sem usar o remédio de controle. Isso dá a falsa sensação de que a asma está “sob controle”, mas a inflamação no pulmão continua piorando.
👉 Usar o spray só quando sente falta de ar é como apagar o alarme de incêndio, mas deixar o fogo aceso.
Usar demais esse tipo de spray (mais de dois frascos por mês) aumenta o risco de internações e até de morte por asma.
Intoxicação e atraso no diagnóstico

Tomar muitos remédios ou usar por muito tempo também pode intoxicar. No Brasil, cerca de 3 em cada 10 casos de intoxicação acontecem com medicamentos. Remédios para gripe e nariz entupido, por exemplo, podem causar problemas no coração, como batimentos acelerados ou pressão alta.
Usar descongestionante nasal por vários dias seguidos causa outro problema: o nariz “vicia” e só desentope com mais remédio. Isso se chama rinite medicamentosa. Até 1 em cada 10 pessoas que usam esses sprays por muito tempo desenvolvem esse problema.
Além disso, quem se automedica pode demorar a procurar um médico e, com isso, o diagnóstico certo chega tarde. Um estudo brasileiro mostrou que pessoas com asma não diagnosticada que tomavam remédio por conta própria levavam, em média, mais de 5 anos para receber o diagnóstico correto.
👉 Quanto mais cedo o tratamento certo começa, menor o risco de complicações e internações.
O que fazer em vez de se automedicar?
O farmacêutico pode ajudar muito na hora de escolher um remédio, mas ele também sabe quando a situação precisa de um médico. Se a pessoa está com febre alta por mais de 3 dias, dor no peito, dificuldade para respirar ou confusão mental, deve procurar um serviço de saúde imediatamente.
Campanhas de conscientização já mostraram que explicar para a população os riscos da automedicação reduz em até 30% o uso indevido de remédios.
👉 Entender a diferença entre gripe e asma ajuda a escolher o caminho certo: o tratamento adequado com ajuda profissional.
🧬 O que aprendemos hoje?

- Tomar remédio por conta própria pode piorar a asma, mascarar doenças graves como pneumonia e atrasar o diagnóstico correto.
- Antibióticos não funcionam contra gripe, e o uso excessivo de sprays de alívio rápido na asma pode aumentar o risco de complicações.
- O melhor caminho é buscar orientação de profissionais de saúde. Quanto mais cedo o tratamento certo começa, melhores os resultados.
Aqui no Clube da Saúde Infantil, acreditamos: crescer com saúde é mais legal!
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