Medo e esperança: Como pais e filhos vivem a bariátrica na juventude
Pais e adolescentes passam por dúvidas, medos e esperanças antes e depois da bariátrica. Entenda como apoiar esse momento com empatia e informação.

Você é mãe, pai ou responsável e seu filho recebeu indicação de cirurgia bariátrica?
Aqui no Clube da Saúde Infantil, queremos mostrar o que pais e adolescentes realmente sentem nessa hora. Medo, culpa, esperança e muitas dúvidas aparecem juntos. Vamos conversar sobre tudo isso?
O turbilhão antes da decisão
Quando o médico fala em “cirurgia bariátrica”, muitas famílias têm duas sensações ao mesmo tempo:
• Alívio: finalmente há um tratamento que pode funcionar.
• Culpa: “Será que falhamos em evitar a obesidade?”
Entre os próprios jovens, 72% sentem vergonha no começo, mas 88% também dizem ter esperança de “levar uma vida normal”.
Três passos que levam à escolha
- Entender que doenças como diabetes ou pressão alta já estão presentes.
- Buscar histórias de quem operou, muitas vezes em grupos de redes sociais.
- Conversar em família com a equipe médica e psicológica.
Dica do Clube: anote todas as perguntas antes da consulta. Nada é bobo!
Como é depois da cirurgia?
Nos primeiros seis meses, 81% dos adolescentes dizem ter autoestima mais alta. É comum ouvir frases como “agora tenho coragem de ir à festa”. Entretanto, o bisturi não “opera a cabeça”. Ajustes emocionais são necessários.
Três desafios do dia a dia
• Controlar emoções: alguns trocam a antiga compulsão alimentar por compras ou álcool. Fique atento.
• Lembrar dos suplementos: no início quase todos tomam; após cinco anos, só metade mantém o hábito.
• Espaço em casa: pais podem vigiar demais a comida do filho e isso gera brigas.
Impacto na rotina da família
A boa notícia: 64% das casas passam a cozinhar de forma mais saudável. Até irmãos perdem peso!
O lado difícil? Irmãos não operados podem sentir ciúmes da atenção extra e os custos de suplementos preocupam 40% dos responsáveis. Planejar o orçamento ajuda.
Depoimentos que inspiram
“Eu tinha medo de nunca namorar; depois da cirurgia, o medo virou coragem.” – Jéssica, 22 anos
“Sem a apneia do sono, consigo estudar sem dormir na aula.” – Lucas, 20 anos
“Achei que todos os meus problemas sumiriam. Precisei de terapia para entender que o peso era só parte deles.” – Anônimo, 19 anos
Dicas para tornar o jovem protagonista
• Participe de grupos on-line moderados por profissionais.
• Planeje a transição do pediatra para o médico de adultos entre 18 e 21 anos.
• Aposte em aulas simples de culinária: saber preparar a própria comida dá autonomia.
Estudos mostram 30% menos faltas às consultas quando essas estratégias são usadas.
Perguntas comuns
A cirurgia é reversível?
A maioria das técnicas não é.
Meu filho vai crescer menos?
Estudos não mostram perda de altura, mas o acompanhamento é vital.
Ele pode voltar a engordar?
Sim, se faltar acompanhamento e mudanças de hábito.
Conclusão
Decidir pela cirurgia bariátrica na adolescência é um grande passo. Entender emoções, preparar a casa e manter o acompanhamento fazem toda a diferença.
O que aprendemos hoje
• A decisão pela bariátrica afeta toda a família e envolve sentimentos como medo, esperança e culpa.
• Apoiar o adolescente no pós-operatório exige diálogo, autonomia e ajustes práticos em casa.
• Famílias bem orientadas tornam o cuidado mais leve e aumentam a chance de bons resultados.
Aqui no Clube da Saúde Infantil, acreditamos que crescer com saúde é mais legal!
Referências
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