Cuidados Após Bariátrica em Adolescentes
O pós-operatório da cirurgia bariátrica em adolescentes exige cuidado contínuo e apoio da família. Veja como manter a saúde e evitar complicações.

A cirurgia bariátrica é só o começo da história. Para o adolescente ter saúde e manter o peso, precisa de um time de profissionais e de visitas regulares ao serviço de saúde. Neste guia rápido do Clube da Saúde Infantil, mostramos como funciona esse cuidado e por que a família faz parte dele. Vamos juntos?
Por que o acompanhamento é tão importante?
Pensar que a cirurgia “cura tudo” é um erro comum. Sem visitas de rotina, podem surgir anemia, fraqueza nos ossos e até tristeza profunda. Estudos brasileiros mostram que até 40% dos jovens somem do serviço nos três primeiros anos(2).
Quem faz parte do time de cuidado?
O grupo mínimo indicado pelas diretrizes(1,4) tem:
• Cirurgião bariátrico
• Pediatra ou clínico com experiência em obesidade
• Nutricionista
• Psicólogo ou psiquiatra
• Enfermeiro
• Educador físico
• Quando preciso: endocrinologista e assistente social
Cada profissional age como peça de um quebra-cabeça que só funciona completo.
As quatro fases do seguimento
1. Pré-operatória (3–6 meses antes da cirurgia)
Aqui o jovem aprende sobre dieta, riscos e metas. A família assina um “contrato de compromisso”(3).
2. Pós-operatória imediata (0–30 dias)
Visitas ou chamadas semanais ajudam na troca da dieta líquida para pastosa. Sinais de alerta, como febre ou dor forte, devem ser informados rápido.
3. Pós-operatória intermediária (1–24 meses)
Consultas mensais no primeiro semestre e depois a cada dois meses. Foco em:
• Ajustar cardápio e suplementos de vitaminas
• Pedir exames de sangue (ferro, cálcio, vitaminas B e D, hormônios)
• Observar crescimento e puberdade
4. Manutenção (> 24 meses)
Visitas semestrais ou anuais por toda a vida. Objetivo: evitar falta de nutrientes, cuidar da saúde dos ossos e prevenir ganho de peso.
Dicas que aumentam a presença nas consultas
• Contrato escrito com metas e regras(3).
• Teleconsulta: vídeo-chamadas diminuem faltas em 30%(7).
• Grupos de apoio on-line para adolescentes, onde eles trocam histórias sobre bullying e autoestima.
• Aplicativos com “pontos de saúde” que transformam passos em recompensas(8).
Desafios que podem aparecer
Nutrição
Falta de ferro é comum em quase metade das meninas(5). Vitamina D baixa prejudica os ossos.
Saúde mental
Depois da alegria inicial, 18% podem ter sintomas de depressão no segundo ano(2). O psicólogo faz testes simples, como o Beck II, para detectar cedo.
Comportamentos de risco
Alguns trocam comer demais por álcool ou outras substâncias (até 8% dos casos). Perguntas anuais sobre uso de bebidas ajudam a prevenir(7).
Ossos e articulações
Sem vitamina D e cálcio, o pico de massa óssea fica menor, aumentando o risco de fraturas no futuro(4). Exercícios guiados por fisioterapeuta corrigem problemas como o joelho em “X”.
Novas ideias e tecnologias
• Cuidado compartilhado: exames simples no posto de saúde perto de casa e revisão anual no centro de referência. Economiza 40% em transporte(6).
• Relógios e sensores que enviam alerta se o batimento sobe muito depois da refeição ou a atividade física cai(5).
• Novos remédios (análogos de GLP-1) para evitar o ganho de peso, ainda em estudo para jovens(8).
Como a família pode ajudar?
Os pais precisam vigiar suplementos e consultas, mas também dar espaço para o filho ganhar autonomia aos poucos. É como ensinar a andar de bicicleta: primeiro com rodinhas, depois sem, mas sempre por perto caso ele desequilibre.
Conclusão
A cirurgia bariátrica muda vidas, mas o cuidado diário garante que a mudança seja para sempre. Com equipe completa, visitas regulares e apoio da família, o adolescente ganha saúde, confiança e um futuro mais leve.
O que aprendemos hoje
• O acompanhamento multidisciplinar após a bariátrica é essencial e dura a vida toda.
• Visitas regulares, exames e apoio emocional previnem complicações.
• A família tem papel ativo em garantir a adesão ao cuidado e estimular a autonomia do jovem.
Aqui no Clube da Saúde Infantil, acreditamos que crescer com saúde é mais legal!
Referências
- ASMBS – American Society for Metabolic and Bariatric Surgery. Pediatric metabolic and bariatric surgery guidelines. Florida, 2019.
- Barroso, L. V. J.; Andrade, C. R.; Souza, A. P. Pós-operatório de cirurgia bariátrica em adolescentes: revisão sistemática. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, v. 21, n. 4, p. 1041-1053, 2021.
- Inge, T. H. et al. Five-year outcomes of gastric bypass in adolescents as compared with adults. New England Journal of Medicine, v. 380, n. 22, p. 2136-2145, 2019.
- Ministério da Saúde (Brasil). Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Obesidade. Brasília, 2021.
- Ryder, J. R. et al. Implementation of a multidisciplinary bariatric surgery program for adolescents: analysis of guidelines. JAMA Pediatrics, v. 176, n. 5, p. e218833, 2022.
- SBCBM – Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica. Diretrizes brasileiras de cirurgia bariátrica e metabólica. São Paulo, 2022.
- Tran, L.; Kenardy, J. et al. Psychological support after bariatric surgery in youth: a multidisciplinary approach. Obesity Surgery, v. 33, n. 1, p. 123-131, 2023.
- WHO – World Health Organization. Adolescent obesity: report of a WHO expert consultation. Geneva, 2022.