Desnutrição infantil: por que os programas do governo nem sempre funcionam?

Por que ainda falta comida no prato de muitas crianças? Veja os desafios que enfraquecem o combate à desnutrição infantil no Brasil.

O que o governo faz para combater a desnutrição infantil?

O Brasil tem várias políticas públicas criadas para ajudar no combate à desnutrição infantil. Mas, nos últimos anos, muitos desses programas perderam força ou deixaram de funcionar como deveriam.

Vamos entender melhor por quê?

Muitos programas, pouca união

Vários ministérios e secretarias cuidam de programas contra a desnutrição. Isso é bom, mas falta coordenação. Quando não há uma boa comunicação entre as áreas, fica difícil garantir que as crianças mais vulneráveis sejam atendidas da melhor forma.

Um exemplo disso foi o fim do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA) em 2019. O CONSEA ajudava a organizar e unir as ações entre os setores e dava voz à sociedade civil. Ele foi recriado em 2023, mas ainda é cedo para ver resultados.

Os principais programas em ação

Veja alguns dos programas que ainda funcionam:

  • Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE)
    Oferece refeições para cerca de 41 milhões de estudantes. Mas há muitos problemas: em 30% das escolas, a estrutura é ruim. Em quase metade delas, o cardápio não segue as regras de alimentação saudável, especialmente nas regiões mais pobres.
  • Auxílio Brasil (antigo Bolsa Família)
    Esse programa de renda ajudou a diminuir os casos de desnutrição em crianças. Pesquisas mostram que, entre os beneficiários, a desnutrição crônica caiu quase 20%. Porém, a mudança de programa e a falta de continuidade nas ações de saúde fizeram com que menos famílias fossem acompanhadas. Em 2018, 76% das famílias eram monitoradas. Em 2022, esse número caiu para 51%.
  • SISVAN (Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional)
    É o sistema que monitora a nutrição das pessoas atendidas pelo SUS. Mas sua cobertura ainda é baixa: só 37% da população-alvo está dentro do sistema. Nos municípios do Norte e Nordeste, a cobertura chega a ser menor que 20%.

“O SISVAN tem potencial, mas faltam profissionais treinados, estrutura e tecnologia. Isso atrapalha muito o planejamento de boas políticas públicas.”

E o dinheiro para tudo isso?

Outro problema importante são os cortes no orçamento. Com menos dinheiro, fica mais difícil manter os programas funcionando.

  • O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) perdeu cerca de 85% dos seus recursos entre 2019 e 2022. Ele comprava alimentos da agricultura familiar para escolas e restaurantes populares.
  • A verba para ações de educação alimentar e apoio à agricultura familiar caiu mais de 90% entre 2014 e 2022.

“Muitas vezes, quem mais precisa de ajuda está em cidades pequenas. Mas esses lugares têm menos profissionais, menos estrutura e menos apoio.”

Falta de união entre setores

As políticas que envolvem saúde, educação, assistência social e alimentação precisam trabalhar juntas. Mas nem sempre isso acontece. Há dificuldades como:

  • Falta de integração entre sistemas de informação
  • Falta de diálogo entre os setores
  • Mudanças políticas que param os projetos
  • Pouca equipe capacitada nos pequenos municípios

A volta do CONSEA pode ajudar a melhorar a comunicação entre os setores, mas ainda é preciso esperar para ver os resultados.

É hora de fortalecer o cuidado

Os programas brasileiros têm muito valor, mas enfrentam grandes desafios. Faltam recursos, estrutura e união entre os setores para garantir que todas as crianças cresçam bem alimentadas.

🧬 O que aprendemos hoje?

  • O Brasil tem programas importantes no combate à desnutrição infantil, mas muitos enfrentam problemas de continuidade, financiamento e coordenação.
  • A falta de integração entre saúde, educação e assistência social dificulta o atendimento completo às crianças mais vulneráveis.
  • Fortalecer os programas existentes, garantir orçamento e promover a união entre os setores são passos essenciais para mudar esse cenário.

Aqui no Clube da Saúde Infantil, acreditamos: crescer com saúde é mais legal!