Desnutrição e obesidade: os dois lados do mesmo problema

O Brasil enfrenta a desnutrição e a obesidade infantil ao mesmo tempo. Entenda o que é a dupla carga nutricional e como combatê-la.

Duas formas de má nutrição ao mesmo tempo?

Sim! Hoje, o Brasil enfrenta um grande desafio: a dupla carga nutricional. Isso significa que, em uma mesma comunidade – ou até na mesma criança ao longo da vida – podem existir desnutrição e obesidade.

Esse cenário acontece principalmente em regiões mais pobres. Em algumas cidades do Norte e Nordeste:

  • 15% das crianças têm desnutrição crônica (baixa estatura)
  • E 20 a 30% estão com excesso de peso

“A desnutrição não desapareceu. Ela passou a conviver com a obesidade, criando um problema duplo, especialmente para as famílias mais vulneráveis.”

Como isso acontece?

Nas últimas décadas, a alimentação das famílias mudou muito. Alimentos frescos foram trocados por produtos ultraprocessados – baratos, fáceis e cheios de açúcar, gordura e sal.

Essa mudança trouxe um novo problema: crianças que comem muito, mas mal.

  • Quando a criança passa fome nos primeiros anos de vida, o corpo aprende a “guardar” energia.
  • Mais tarde, se ela come muitos alimentos calóricos, pode desenvolver obesidade – mesmo tendo sido desnutrida antes.

Esse efeito é chamado de programação metabólica

A fome que não se vê: falta de vitaminas e minerais

Mesmo com excesso de peso, muitas crianças têm carência de nutrientes como:

  • Ferro
  • Vitamina A
  • Zinco

Esse problema é conhecido como fome oculta: a criança parece saudável, mas está com o corpo enfraquecido. Isso afeta:

  • O desenvolvimento do cérebro
  • A defesa do organismo
  • O risco de doenças na vida adulta

“Ter peso a mais não significa estar bem nutrido. Comer muito não é o mesmo que comer bem.”

Por que isso acontece mais nas famílias pobres?

A insegurança alimentar é um dos maiores motivos. Com pouco dinheiro, as famílias compram o que dá para encher a barriga. Muitas vezes, isso significa:

  • Refrigerantes
  • Bolachas recheadas
  • Macarrão instantâneo
  • Produtos prontos, mas sem valor nutritivo

Além disso, a publicidade para crianças incentiva o consumo desses produtos, especialmente nas áreas mais pobres.

Como enfrentar esse problema?

A solução passa por ações integradas. É preciso combater ao mesmo tempo a desnutrição e a obesidade.

Algumas estratégias que funcionam:

  • Amamentação exclusiva até os 6 meses
  • Educação alimentar nas escolas e comunidades
  • Distribuição de alimentos saudáveis e acessíveis
  • Programas sociais com acompanhamento nutricional
  • Combate à publicidade infantil de alimentos ultraprocessados

“Não adianta resolver um problema e criar outro. As ações precisam olhar para toda a cadeia alimentar e pensar em saúde desde cedo.”

Comer bem é mais do que não passar fome

A dupla carga nutricional mostra que o problema da alimentação infantil no Brasil é complexo. Mas também mostra que é possível melhorar – com políticas bem feitas, informação de qualidade e acesso a comida de verdade.

Aqui no Clube da Saúde Infantil, acreditamos que crescer com saúde é mais legal – e que o melhor jeito de fazer isso é com comida simples, de verdade e com afeto.

🧬 O que aprendemos hoje?

  • A desnutrição e a obesidade podem acontecer juntas, especialmente em contextos de pobreza e insegurança alimentar.
  • Comer em excesso não garante uma boa nutrição — a qualidade dos alimentos é tão importante quanto a quantidade.
  • Enfrentar a dupla carga nutricional exige ações integradas: informação, acesso a alimentos saudáveis e proteção contra práticas que pioram a alimentação das crianças.

Aqui no Clube da Saúde Infantil, acreditamos: crescer com saúde é mais legal!