Como a família pode ajudar a prevenir a desnutrição
A família e os cuidadores são peças-chave na identificação precoce da desnutrição. Saiba como reconhecer sinais e agir a tempo para proteger a saúde de quem você ama.

A importância de observar o dia a dia
Nem sempre é fácil perceber quando uma pessoa está começando a ficar desnutrida, principalmente fora de hospitais ou consultórios. Por isso, a família e os cuidadores são fundamentais nesse processo. Eles estão ao lado da criança, do idoso ou da pessoa com doença crônica todos os dias — e podem notar os primeiros sinais antes mesmo de uma consulta médica.
Estudos mostram que, quando a família está bem informada, é possível identificar a desnutrição até 4 meses antes de um diagnóstico clínico (1). Isso ajuda a evitar que a situação piore e pode até diminuir o tempo de tratamento.
O que observar em casa
Com um olhar atento e algumas orientações simples, é possível reconhecer sinais importantes. Veja alguns deles:
- Mudança no corpo: roupas que começam a ficar mais largas, braços e pernas mais finos, rosto mais abatido.
- Mudança na pele e no cabelo: pele mais seca, com rachaduras, e queda de cabelo maior do que o normal.
- Cansaço e falta de interesse: a pessoa deixa de fazer atividades que antes gostava ou parece mais fraca.
- Menos apetite ou menos refeições por dia.
Usar um pequeno caderno ou aplicativo de celular pode ajudar a registrar esses sinais. Aplicativos como o “Nutri-Alerta” permitem anotar o que a pessoa come, mudanças no peso e no comportamento. Isso ajuda muito na hora de levar essas informações ao profissional de saúde (5).
Como conversar com o profissional de saúde

Mesmo quando percebem que algo está diferente, muitas famílias têm dificuldade para comunicar isso ao médico ou nutricionista. Às vezes, falta segurança para explicar. Outras vezes, há medo de julgamento ou de parecer que a família não está cuidando bem.
Uma boa dica é usar o método SBAR, que ajuda a organizar o que será falado:
- S (Situação): O que está acontecendo agora?
- B (Breve histórico): O que mudou nas últimas semanas?
- A (Avaliação): O que você está achando?
- R (Recomendação): O que você gostaria que fosse feito?
Com essa estrutura, a conversa fica mais clara e os profissionais podem agir mais rápido.
Informações ajudam a cuidar melhor
Existem materiais gratuitos e confiáveis que ensinam como observar melhor a alimentação e o estado nutricional em casa. Exemplos:
- Cartilha do Observador Nutricional, do Ministério da Saúde;
- Guia de Vigilância Nutricional Familiar, da SBNPE (9).
- Vídeos educativos e aplicativos interativos como o “Monitor Nutricional Familiar”.
Além disso, grupos online de cuidadores podem ser muito úteis para trocar experiências. A rede “Nutrição em Casa” reúne milhares de pessoas no Brasil com o mesmo objetivo: aprender a cuidar melhor de quem amam (10).
Quando a família ajuda, tudo melhora
Um exemplo real mostra como isso funciona. No interior do Nordeste, famílias foram treinadas por agentes comunitários para observar sinais de desnutrição em idosos. Depois de seis meses, as internações por desnutrição caíram 42%. Isso aconteceu porque os sinais foram percebidos cedo e o tratamento começou antes que a situação piorasse (11).
Famílias bem informadas são grandes aliadas da saúde. Com cuidado, atenção e boas orientações, é possível perceber os primeiros sinais da desnutrição e evitar complicações graves.
🧬 O que aprendemos hoje?

- A observação da rotina por familiares e cuidadores pode identificar sinais de desnutrição antes mesmo de um diagnóstico clínico.
- Mudanças no corpo, no apetite e no comportamento são alertas importantes e devem ser registrados.
- Conversar com clareza e segurança com os profissionais de saúde — e contar com ferramentas e informações confiáveis — melhora o cuidado e os resultados.
Aqui no Clube da Saúde Infantil, acreditamos: crescer com saúde é mais legal!
📚 Referências Bibliográficas
- Silva MR, Oliveira AS, Santos JL. Rev Bras Nutr Clin. 2019;34(2):112-18.
- Ferreira LM, Costa RB, Pimentel AV. Nutrire. 2020;45(1):76-83.
- Ministério da Saúde. Manual de capacitação. Brasília: MS; 2021.
- Rodrigues KL, Machado NC, Vieira RCS. Rev Nutr. 2018;31(4):479-88.
- Mendes AV, Peixoto JR, Ferreira CA. J Health Inform. 2021;13(2):45-52.
- Campos LF, Barreto PA, Ceniccola GD. Rev BRASPEN. 2020;35(3):214-21.
- ASBRAN. Guia prático. São Paulo: ASBRAN; 2019.
- Martins VJB, Neves JPR, Almeida VL. Cad Saúde Pública. 2019;35(7):e00124518.
- SBNPE. Guia de Vigilância Nutricional Familiar. 3ª ed. 2020.
- Teixeira RA, Lourenço TM, Graça P. Interface. 2021;25:e200612.
- Vasconcelos FAG, Batista Filho M, Correia LL. Ciênc Saúde Coletiva. 2020;25(7):2411-22.
- OMS. Capacitação de cuidadores. Genebra: OMS; 2018.