Hipertensão infantil: um problema que cresce em silêncio
Entenda por que a hipertensão está crescendo entre crianças e adolescentes e quais os principais fatores de risco envolvidos.

Pressão alta não é só coisa de adulto
A hipertensão — também chamada de pressão alta — deixou de ser um problema só de adultos. Cada vez mais, crianças e adolescentes estão sendo diagnosticados com essa condição.
Estudos mostram que entre 3% e 5% das crianças no mundo têm pressão alta. No Brasil, a situação é ainda mais preocupante: quase 1 em cada 10 adolescentes já apresenta hipertensão, segundo dados do estudo ERICA.
Nesse contexto, a pressão alta infantil é silenciosa, mas perigosa. Se não for detectada a tempo, pode causar problemas sérios no coração, nos rins e no cérebro quando a criança crescer.
Esse crescimento está ligado a fatores como:
- Aumento da obesidade infantil
- Alimentação com excesso de sal e produtos ultraprocessados
- Falta de atividade física
- Sono de má qualidade
- Poluição e estresse
Outro dado importante: a maioria dos casos hoje não tem causa secundária (como doenças nos rins), mas sim é hipertensão essencial, ou seja, o corpo desenvolve a pressão alta por um conjunto de fatores, como ocorre nos adultos.
Quando o problema existe, mas ninguém vê
Mesmo com tantos casos, a pressão alta em crianças muitas vezes não é percebida. Cerca de 75% das crianças com hipertensão não são diagnosticadas. Isso acontece porque:
- A pressão quase nunca é medida nas consultas pediátricas
- A criança normalmente não sente nada
- Os valores normais variam conforme idade, sexo e altura, o que dificulta a interpretação
- Muitos profissionais não usam o equipamento correto (como o tamanho certo do manguito)
Ou seja, o que não é medido, não é visto. E o que não é visto, não é tratado.
Em uma pesquisa feita com pediatras brasileiros, apenas 35% disseram medir a pressão em todas as crianças acima de 3 anos, como mandam as diretrizes. Em bebês e crianças menores, o número é ainda menor.
Quem tem mais chance de ter pressão alta?
A pressão alta em crianças pode variar de acordo com idade, sexo, região onde vivem e até escola que frequentam.
- Idade: quanto mais velha a criança, maior o risco. Em adolescentes, a prevalência chega a 10% ou mais.
- Sexo: na adolescência, meninos têm mais chance de apresentar hipertensão.
- Região: no Brasil, as regiões Sul e Sudeste têm taxas mais altas do que Norte e Nordeste.
- Escola: em escolas privadas, os índices são até 25% maiores, talvez por causa do padrão alimentar.
Nem sempre é a renda que define o risco, mas sim os hábitos. E quando falamos em diagnóstico, as famílias com menos acesso à saúde são as mais prejudicadas.
Crianças de famílias com baixa renda têm muito mais dificuldade para receber o diagnóstico correto e continuar o acompanhamento, mesmo quando o problema já foi detectado.
Fatores de risco mais comuns
A hipertensão em crianças raramente aparece sozinha. Ela costuma andar junto com outros problemas, como:
- Obesidade: crianças com sobrepeso têm até 5 vezes mais risco de ter pressão alta
- Histórico familiar: quando pais ou avós têm hipertensão, o risco aumenta
- Prematuridade ou baixo peso ao nascer
- Exposição ao cigarro (tabagismo passivo)
- Alterações no colesterol (dislipidemia)
- Apneia do sono
- Resistência à insulina
Por isso, quando uma criança apresenta um desses fatores, é importante medir a pressão e observar o conjunto de sinais. Muitas vezes, o que parece ser apenas cansaço ou dor de cabeça recorrente pode ser um alerta.
Um problema cada vez mais presente
A pressão alta em crianças está se tornando cada vez mais comum — e perigosa justamente por ser silenciosa. O primeiro passo para mudar esse cenário é prestar atenção e medir a pressão regularmente nas consultas pediátricas.
Com informação, atenção aos sinais e cuidados no dia a dia, é possível prevenir complicações e proteger o coração das nossas crianças desde cedo.
🧬 O que aprendemos hoje?

- A pressão alta também pode afetar crianças e adolescentes, e muitas vezes passa despercebida.
- Maus hábitos, como alimentação rica em sal e sedentarismo, estão entre as principais causas da hipertensão infantil.
- Medir a pressão regularmente em consultas pediátricas é essencial para prevenir problemas futuros no coração, rins e cérebro.
Aqui no Clube da Saúde Infantil, acreditamos: crescer com saúde é mais legal!