Manejo emergencial das alergias alimentares: Prevenção e tratamento de reações graves.
Aprenda a reconhecer, classificar e tratar reações alérgicas alimentares graves, incluindo anafilaxia. Saiba como usar a adrenalina e criar um plano de ação emergencial eficaz.

O manejo adequado das reações alérgicas alimentares, especialmente em situações de emergência, pode ser determinante entre um desfecho favorável ou potencialmente fatal. A capacidade de reconhecer precocemente os sinais e sintomas, classificar corretamente a gravidade da reação e implementar as medidas terapêuticas apropriadas constitui a base do tratamento eficaz.
Classificação e Manejo das Reações Alérgicas
As reações alérgicas alimentares podem ser classificadas em leves, moderadas e graves, com base na apresentação clínica e nos sistemas orgânicos envolvidos. Esta classificação orienta a abordagem terapêutica imediata (1).
- Reações Leves: manifestações cutâneas localizadas, como urticária limitada, angioedema leve ou prurido oral.
- Tratamento: Anti-histamínicos orais e observação cuidadosa.
- Tratamento: Anti-histamínicos orais e observação cuidadosa.
- Reações Moderadas: urticária extensa, angioedema facial ou de extremidades, dor abdominal ou sintomas respiratórios leves.
- Tratamento: Anti-histamínicos, corticosteroides orais e, se necessário, adrenalina.
- Tratamento: Anti-histamínicos, corticosteroides orais e, se necessário, adrenalina.
- Reações Graves (Anafilaxia): comprometimento respiratório (dispneia, broncoespasmo), cardiovascular (hipotensão, síncope) ou gastrointestinal intenso.
- Tratamento: Adrenalina intramuscular imediata, seguida de suporte ventilatório e intravenoso.
👉 A adrenalina é o único medicamento capaz de reverter efetivamente os sintomas da anafilaxia e seu atraso está associado a maior morbimortalidade. Não existem contraindicações absolutas ao seu uso em casos de anafilaxia.
Estudos indicam que até 80% dos óbitos por anafilaxia estão associados ao atraso ou à não administração de adrenalina (2).
Medicamentos de Emergência e Auto-injetores de Adrenalina
A adrenalina (epinefrina) é o tratamento de primeira linha para a anafilaxia, devido aos seus efeitos sobre a vasoconstrição, broncodilatação e aumento da contratilidade cardíaca (3).
- Via de Administração: intramuscular, face anterolateral da coxa.
- Dosagem: 0,01 mg/kg (máximo 0,5 mg) em crianças e 0,3-0,5 mg em adultos.
- Repetição da Dose: a cada 5-15 minutos, se necessário.
👉 Aproximadamente 25% das reações anafiláticas necessitam de uma segunda dose de adrenalina, justificando a recomendação de que pacientes de alto risco portem dois auto-injetores consigo.
Os auto-injetores disponíveis no Brasil possuem dosagens de 0,15 mg (crianças de 15-30 kg) e 0,3 mg (indivíduos acima de 30 kg) (4).
Planos de Ação para Emergências
O plano de ação para emergências alérgicas é um documento essencial para pacientes diagnosticados com alergias alimentares, especialmente aqueles com risco de anafilaxia.
Componentes do Plano de Ação:
- Identificação do paciente e alérgenos específicos.
- Sintomas leves, moderados e graves e respectivas medicações.
- Instruções claras sobre a aplicação da adrenalina.
- Contatos de emergência e informações médicas.
“A implementação de planos de ação está associada a uma redução de 70% no risco de reações graves recorrentes, demonstrando seu papel preventivo.” (5)
Manejo em Diferentes Contextos
- Escolas e Creches:
- Treinamento da equipe para uso da adrenalina.
- Armazenamento seguro de medicamentos.
- Protocolos claros para emergências.
- Treinamento da equipe para uso da adrenalina.
- Restaurantes e Viagens:
- Comunicação prévia sobre as alergias alimentares.
- Transporte de auto-injetores em bagagem de mão.
- Documento médico em inglês para viagens internacionais.
- Comunicação prévia sobre as alergias alimentares.
- Ambientes Esportivos:
- Controle de sintomas de asma em pacientes com alergias alimentares.
- Supervisão durante atividades físicas.
- Controle de sintomas de asma em pacientes com alergias alimentares.
🧬 O que aprendemos hoje?
- O reconhecimento rápido da gravidade da reação alérgica é essencial para definir o manejo adequado, sendo a adrenalina intramuscular o tratamento de primeira linha para anafilaxia.
- O uso de auto-injetores de adrenalina e a existência de um plano de ação estruturado reduzem significativamente o risco de desfechos graves em pacientes com alergia alimentar.
- A preparação dos diferentes ambientes — como escolas, restaurantes e locais de lazer — é fundamental para garantir segurança e resposta eficiente em caso de emergência alérgica.
Aqui no Clube da Saúde Infantil, acreditamos: crescer com saúde é mais legal!
📚 Referências Bibliográficas
- Simons FER, Ebisawa M, Sanchez-Borges M, et al. 2015 update of the evidence base: World Allergy Organization anaphylaxis guidelines. World Allergy Organ J. 2015;8(1):32.
- Pumphrey RS. Lessons for management of anaphylaxis from a study of fatal reactions. Clin Exp Allergy. 2000;30(8):1144-50.
- Kemp SF, Lockey RF, Simons FE. Epinephrine: the drug of choice for anaphylaxis. Allergy. 2008;63(8):1061-70.
- Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 255, de 10 de dezembro de 2018. Diário Oficial da União. 2018;238(1):55-56.
- Muraro A, Agache I, Clark A, et al. EAACI food allergy and anaphylaxis guidelines: managing patients with food allergy in the community. Allergy. 2014;69(8):1046-57.