Cuidar com afeto, alimentar com atenção: o que faz diferença no começo da vida

Alimentação saudável e afeto são essenciais para o cérebro das crianças. Veja como esses cuidados influenciam no desenvolvimento infantil.

Nutrição sozinha não basta

Dar comida saudável é essencial, mas não é tudo. O cérebro das crianças precisa de atenção, carinho e estímulos desde o início da vida. Pesquisas mostram que quando a alimentação é combinada com brincadeiras, conversas e cuidados afetuosos, os resultados são muito melhores.

Em um estudo com crianças que estavam desnutridas, aquelas que receberam comida + estimulação tiveram um aumento de QI mais que o dobro em comparação com as que receberam só comida.

Nutrir e brincar ajudam o cérebro a crescer

O cérebro em crescimento responde melhor quando:

  • Tem os nutrientes certos para se desenvolver
  • Recebe estímulos positivos: música, leitura, afeto, conversas

Essas duas coisas juntas criam uma reação positiva no cérebro. É como se a nutrição preparasse o solo e o carinho fosse a água e o sol para a planta crescer.

👉 Nutrição e estimulação juntos não somam, multiplicam os efeitos no desenvolvimento das crianças.

Um estudo feito na Jamaica mostrou que crianças desnutridas que receberam alimentação adequada e atenção especial dos cuidadores passaram a ter melhores empregos e menos envolvimento com crimes quando adultas.

O que é o “nurturing care”?

Esse termo em inglês significa cuidado com afeto e atenção. É um modelo criado pela OMS e pela UNICEF para lembrar que a criança precisa de mais do que apenas comida e saúde. São cinco coisas importantes:

  1. Saúde
  2. Nutrição
  3. Segurança
  4. Aprendizado desde cedo
  5. Cuidado com afeto e atenção

Se os pais ou responsáveis conseguem perceber o que a criança precisa e respondem com carinho, isso ajuda até mesmo as crianças desnutridas a se desenvolverem melhor.

👉 A criança precisa de nutrientes, mas também precisa se sentir segura, amada e estimulada.

Programas que fazem a diferença

Vários países já colocaram essas ideias em prática. Veja alguns exemplos:

  • Chile: O programa “Chile Crece Contigo” faz visitas às famílias e oferece apoio desde a gravidez. Resultado: menos atraso no desenvolvimento das crianças.
  • Brasil: O programa “Primeira Infância Melhor” (PIM), no Rio Grande do Sul, leva orientações às casas das famílias. As crianças atendidas aprendem mais cedo a falar, brincar e se comunicar.

Esses programas têm algo em comum:

  • Começam bem cedo
  • Acontecem com frequência
  • Envolvem os pais e cuidadores
  • Respeitam a cultura local
  • Reúnem saúde, educação e assistência social

O lar é o melhor lugar para cuidar

O ambiente da casa influencia muito no desenvolvimento da criança. Ter livros, brinquedos simples, conversar com a criança e organizar o espaço fazem grande diferença — mesmo quando a família tem poucos recursos.

Visitas domiciliares que ensinam a transformar o dia a dia em oportunidades de aprendizado mostram ótimos resultados. Brincar de fazer barulho com panelas ou contar histórias com objetos da casa já é uma forma de estimular o cérebro.

👉 A família é a principal parceira no desenvolvimento da criança. Com orientação, mesmo famílias com poucos recursos podem fazer muito.

Além disso, respeitar os costumes da família e valorizar o que ela já faz de bom ajuda a aumentar a confiança e o sucesso das ações.

🧬 O que aprendemos hoje?

  • Nutrição e estímulo andam juntos: quando combinados, melhoram o desenvolvimento do cérebro de forma significativa.
  • O modelo de nurturing care mostra que carinho, segurança e atenção são tão importantes quanto comida e saúde.
  • Famílias, mesmo com poucos recursos, podem transformar o dia a dia em oportunidades valiosas de aprendizado e afeto.

Aqui no Clube da Saúde Infantil, acreditamos: crescer com saúde é mais legal!

📚 Referências Bibliográficas

  1. Grantham-McGregor SM et al. Ann N Y Acad Sci. 2014;1308:11-32.
  2. Black MM et al. Lancet. 2017;389(10064):77-90.
  3. Prado EL, Dewey KG. Nutr Rev. 2014;72(4):267-284.
  4. Walker SP et al. Pediatrics. 2011;127(5):849-857.
  5. WHO, UNICEF, World Bank. Nurturing care… WHO; 2018.
  6. Britto PR et al. Lancet. 2017;389(10064):91-102.
  7. Martorell R et al. J Nutr. 2010;140(2):348-354.
  8. Schneider A, Ramires VR. Primeira Infância Melhor. UNESCO; 2007.
  9. Richter LM et al. Lancet. 2017;389(10064):103-118.
  10. Hamadani JD et al. Pediatrics. 2014;134(4):e1001-e1008.
  11. Yousafzai AK et al. Lancet. 2014;384(9950):1282-1293.
  12. Engle PL et al. Lancet. 2011;378(9799):1339-1353.