Como montar um plano de ação para crianças com asma na escola

Aprenda a montar um plano de ação para crianças com asma na escola. Orientações práticas para famílias e professores.

Por que o plano de ação é tão importante?

O Plano de Ação Individualizado (PAI) ajuda a proteger a saúde da criança com asma dentro da escola. Ele informa professores e funcionários sobre o que fazer em diferentes situações. Com um bom plano, é possível evitar crises graves e reduzir as faltas escolares.

Escolas que usam esse plano de forma correta conseguem diminuir em até 70% os casos de emergência relacionados à asma. Também há menos interrupções nas aulas, e a criança consegue participar melhor das atividades (1).

Mesmo com tantos benefícios, poucas escolas brasileiras têm esse tipo de protocolo. Apenas 3 em cada 10 escolas adotam algum tipo de plano de cuidado para alunos com asma (2).

O que o plano precisa ter?

O plano precisa ser simples, direto e adaptado para cada criança. Ele deve conter:

  • Nome e contatos dos responsáveis pela criança;
  • Lista de sintomas mais comuns que ela apresenta;
  • Lista dos remédios de uso contínuo e de emergência, com as doses e horários;
  • Informações sobre o que pode piorar a asma (como mofo, poeira ou exercício);
  • Passo a passo do que fazer em caso de crise.

Muitos profissionais de saúde e instituições já criaram modelos prontos para facilitar. A Sociedade Brasileira de Pneumologia e a Sociedade Brasileira de Pediatria oferecem modelos que podem ser adaptados (5). Esses modelos usam cores para indicar o nível de alerta: verde (controle), amarelo (atenção) e vermelho (emergência).

O plano muda de acordo com a idade?

Sim! A idade da criança faz diferença no jeito de organizar e aplicar o plano.

  • Para crianças pequenas (até 5 anos), os adultos cuidam de tudo. O plano deve ser direto, com instruções claras para professores e cuidadores.
  • Crianças entre 6 e 10 anos podem começar a entender seus sintomas e saber quando pedir ajuda.
  • A partir dos 11 anos, muitos jovens já conseguem ajudar a aplicar o próprio plano, com supervisão.

Ensinar a criança a entender sua asma melhora o controle da doença e aumenta sua confiança. Além disso, o direito de ter esse plano está garantido por lei. A Lei Brasileira de Inclusão diz que todos os alunos devem ter condições de participar das atividades escolares, mesmo com necessidades de saúde (10). A escola precisa ajudar a adaptar o ambiente e as atividades.

Cada pessoa da escola tem um papel importante. A direção deve garantir que o plano seja seguido. Os professores precisam observar a criança no dia a dia. Outros funcionários, como monitores e assistentes, devem saber como agir quando for necessário.

Como criar e aplicar o plano na prática?

O plano deve ser feito em conjunto: médico, família e escola.

  1. O médico começa escrevendo as orientações principais.
  2. A família contribui com detalhes sobre como a criança se sente e reage.
  3. A escola adapta o plano para a realidade do local, como horários, espaços e recursos disponíveis.

É importante revisar esse plano pelo menos duas vezes por ano, ou sempre que houver mudanças no tratamento da criança.

A escola deve fazer treinamentos com todos os funcionários. Isso inclui simulações de emergência para que todos saibam o que fazer na prática. Sempre que houver troca de pessoal, o treinamento deve ser repetido.

Também é importante conversar com os colegas da criança, de forma respeitosa e educativa. Assim, os colegas aprendem sobre a asma, ajudam quando necessário e evitam situações de bullying.

Outro ponto essencial: a escola deve registrar sempre que a criança usar o remédio de emergência ou tiver sintomas. Essas anotações ajudam os pais e os médicos a ajustarem o tratamento, se necessário.

👉 Um bom plano de ação salva vidas, reduz faltas e melhora a participação da criança em todas as atividades escolares.

🧬 O que aprendemos hoje?

  • O Plano de Ação Individualizado (PAI) orienta a escola sobre como cuidar da criança com asma, ajudando a prevenir crises e reduzir faltas.
  • O plano precisa ser claro, adaptado à idade da criança e construído em parceria entre médico, família e escola.
  • Com treinamento e envolvimento de todos na escola, o PAI se torna uma ferramenta poderosa para garantir segurança, inclusão e bem-estar.

Aqui no Clube da Saúde Infantil, acreditamos: crescer com saúde é mais legal!

📚 Referências Bibliográficas

  1. Urrutia-Pereira M, et al. Asthma management in school: parents’ and school staff knowledge and attitudes. J Bras Pneumol. 2018.
  2. Ministério da Saúde. Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar. 2019.
  3. Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. Diretrizes da SBPT para o Manejo da Asma. 2020.
  4. Global Initiative for Asthma. Global Strategy for Asthma Management and Prevention. 2021.
  5. Sociedade Brasileira de Pediatria. Documento Científico: Asma na Escola. 2019.
  6. American Lung Association. Asthma-Friendly Schools Initiative Toolkit. 2018.
  7. Kew KM, et al. Lay-led and peer support interventions for adolescents with asthma. Cochrane. 2017.
  8. Bruzzese JM, et al. School-based asthma programs. J Allergy Clin Immunol. 2009.
  9. Fernandes RM, et al. Home-based asthma education program. J Pediatr (Rio J). 2019.
  10. Brasil. Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015).