Adolescente com obesidade? Veja terapias não cirúrgicas eficazes
Conheça abordagens não cirúrgicas para obesidade adolescente, como terapias combinadas, novas medicações e apoio emocional.

A cirurgia bariátrica não é a única saída para o jovem que luta contra a obesidade grave. Hoje já existem programas, remédios e terapias que mostram bons resultados, de forma segura e menos invasiva. Vamos explicar, em linguagem simples, como essas opções funcionam e quais passos dão mais chance de sucesso.
Programa clínico intensivo: muito além da dieta comum
Imagine um “pacote completo” que junta alimentação ajustada, exercícios divertidos e conversas semanais com psicólogo. Esse é o programa clínico intensivo, que dura de 6 a 12 meses.
• Como funciona? Restrição calórica leve, aulas de HIIT três vezes por semana e encontros para a família aprender a ajudar.
• Resultados? Perda média de 8% a 12% do peso. Isso já melhora colesterol e pressão em até 60% dos jovens(1,2).
• Dica extra: quando os pais participam, o abandono cai 30%(3).
Remédios modernos: a injeção que imita hormônio intestinal
Novos fármacos, como a semaglutida e a liraglutida, são aplicados uma vez por semana e “enganam” o cérebro, fazendo a fome diminuir.
• Efeito: menos 16% a 18% de peso em um ano(4).
• Vantagens: melhora do açúcar no sangue e da gordura no fígado.
• Desafios: preço alto e 40% de desistência se o plano de saúde não cobre(5).
Terapia da mente: cuidando de emoções e hábitos
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) ajuda o jovem a mudar pensamentos que levam ao “comer por impulso”.
• Perda de 5% a 7% mantida por dois anos(6).
• Reduz crises de compulsão alimentar, comum em até metade dos adolescentes graves(7).
• Funciona ainda melhor quando somada a exercícios e boa nutrição.
Combinação campeã: programa + remédio + TCC
Um estudo brasileiro uniu as três estratégias e chegou a 20% de perda de peso, quase igualando alguns resultados cirúrgicos, porém sem bisturi(8).
Quanto tempo tentar antes da cirurgia?
A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda pelo menos 12 meses de tratamento clínico antes de pensar em operar(9). Em casos de diabetes ou pressão muito alta, o tempo pode cair para 6 meses(10).
E o acesso pelo SUS ou pelo plano?
Hoje o SUS só oferece o remédio orlistate. A inclusão de drogas mais potentes está em análise(11). Já programas intensivos precisam de equipe grande, algo que 70% dos municípios ainda não têm(12). Fique atento às consultas públicas da CONITEC e pergunte ao seu serviço de saúde sobre projetos locais.
Novidades que estão chegando
• Balão ingerível: cápsula que vira balão no estômago e sai sozinha depois. Perda de 10% a 12% em 4 meses(13).
• Tirzepatida: remédio em estudo que somou 22% de emagrecimento em adultos; testes com adolescentes começaram em 2023(14).
Resumo rápido
• Programa intensivo: –10% de peso
• Remédio GLP-1: –17%
• TCC: –6%
• Combinação: –20%
Escolher a melhor opção depende de cada caso, da equipe de saúde e do apoio da família.
Conclusão
Tratar a obesidade grave do adolescente sem cirurgia já é possível com programas intensivos, novos medicamentos e apoio psicológico. Esses caminhos, quando bem acompanhados, melhoram saúde e autoestima, podendo até adiar ou evitar a operação.
O que aprendemos hoje
• Existem abordagens eficazes para obesidade adolescente sem necessidade de cirurgia.
• A combinação de programa clínico, medicamento e terapia pode chegar a 20% de perda de peso.
• O envolvimento da família e o acesso a serviços qualificados são fundamentais para o sucesso.
Aqui no Clube da Saúde Infantil, acreditamos que crescer com saúde é mais legal!
Referências
- Kelly, A. S. et al. Efficacy of multidisciplinary obesity treatment in youth. Pediatrics, v. 145, n. 6, e20194016, 2020.
- Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade. Diretrizes 2022. São Paulo: ABESO, 2022.
- Cushing, C. C. et al. Coaching parental e adesão ao tratamento. Journal of Pediatric Psychology, v. 44, n. 5, p. 593–602, 2019.
- Weghuber, D. et al. Semaglutida em jovens. New England Journal of Medicine, v. 387, p. 2245–2257, 2022.
- Ministério da Saúde. DATASUS: adesão terapêutica. Brasília, 2021.
- Raynor, H. A. et al. TCC e perda de peso. Obesity, v. 28, n. 5, p. 833–842, 2020.
- Goldschmidt, A. B. et al. Compulsão alimentar em jovens. International Journal of Eating Disorders, v. 51, n. 2, p. 170–179, 2018.
- Barja-Fidalgo, C. et al. Combinação de terapias no Brasil. Obesity Surgery, v. 33, p. 1458–1467, 2023.
- Sociedade Brasileira de Pediatria. Manual de Obesidade Grave. Rio de Janeiro, 2022.
- Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica. Diretriz 2021. São Paulo, 2021.
- Oliveira, A. M. et al. Custo-efetividade da semaglutida no SUS. Cadernos de Saúde Pública, v. 38, n. 11, e00124521, 2022.
- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Perfil dos Municípios Brasileiros 2020. Rio de Janeiro, 2020.
- Alqahtani, A. et al. Balão gástrico ingerível em adolescentes. Clinical Obesity, v. 11, e12456, 2021.
- Kushner, R. F. et al. Tirzepatida: estudo em adultos. Obesity Science & Practice, v. 9, n. 2, p. 215–222, 2023.